terça-feira, 22 de junho de 2010

Legal? Sim... Correto? Nem tanto.




Os filmes de cinema provavelmente são a forma de entretenimento visual mais popular do mundo, e é raro ver alguém que não goste de assistir a um bom filme de vez em quando. Romance, comédia, terror, ação... cada um tem seus gostos particulares. Porém, os cineastas devem estar cada vez mais atentos, pois o público se torna mais exigente a cada dia que passa. Efeitos especiais de 1980 já não impressionam mais ninguém, e os novos filmes tendem a tornar as cenas cada vez mais realistas. Assim, os produtores lançam mão de uma série de manobras cinematográficas, criando cenas de deixar qualquer um com os olhos vidrados na tela. O que muitas vezes esses produtores não percebem, é que ao tentar buscar o realismo das cenas, acabam contradizendo a própria realidade. E isso não acontece apenas em filmes, mas também em seriados, por exemplo. Vejamos então alguns desses exemplos de "realidades irreais" que os criadores de filmes e séries são capazes de criar para atrair o público:


Essa é clássica.

Reparem lá pelos 50 segundos de vídeo. Notem que os tiros e explosões da nave emanam sons. Bem, claro que seria sem graça se não fosse assim. Porém, o som não se propaga no vácuo, ou seja, por mais mirabolantes que sejam as explosões, na realidade não é possível ouvir nenhum barulho. Isso já caiu em vários vestibulares, e é uma questão que pega muita gente desprevenida. Esses efeitos tornam o filme mais interessante, claro, mas é importante atentar para este “detalhe”.


Esse que aparece no vídeo acima é o Hiro, um personagem do seriado “Heroes” (que eu particularmente gosto muito). Infelizmente não encontrei um vídeo mais descente dele para demonstrar o que quero dizer, mas serve.
Hiro é um personagem que tem poderes para curvar o espaço-tempo. Em alguns momentos da saga, ele “pára” o tempo, e tira coisas de um lugar, coloca em outro, etc. Agora, é importante lembrar que, a luz, embora viaje a uma velocidade muito alta, ainda assim precisa de um intervalo mínimo de tempo para percorrer o caminho de um lugar a outro. Então, se o tempo está “parado”, não faz sentido que a luz se desloque. Logo, tudo o que foi mudado de lugar deveria manter sua imagem no lugar original. Por exemplo, quando ele muda as cartas de lugar (0:40) as cartas poderiam até terem se mexido (já que sofreram influência externa, a mão do Hiro. Aliás, é outra coisa a se pensar, mas vamos nos ater a pensar só na luz) mas a imagem delas deveria ter permanecido no mesmo lugar, enquanto o tempo estivesse parado. Quando o tempo voltasse ao normal, a luz voltaria a percorrer o espaço normalmente, e ninguém iria perceber a “imagem antiga”, já que tudo seria muito rápido. O próprio vulto do Hiro deveria permanecer na posição original, durante o “tempo parado”.


Ok. Desculpem-me os fanáticos por Crepúsculo, mas acho que esta talvez tenha sido a mais forçada de todas. Não sei se este fato acontece no livro, mas é uma coisa um tanto curiosa do filme. E antes que alguém diga: sim, eu assisti o filme, realmente falar sobre o que não conhece não é uma atitude bacana, e respeito quem gosta. Mas gostaria de discutir essa cena.
Nesta cena, os vampiros argumentam (implicitamente) que é preciso uma tempestade para que possam jogar Baseball. Logo, percebe-se que o motivo disso é que o barulho causado pelas tacadas é tão forte que poderia ser ouvido a longas distâncias e chamar a atenção dos “humanos”. Então, os trovões serviriam para mascarar esse efeito.
Tudo bem, mas pense: para produzir um som tão intenso quando o de um trovão, seria necessário um impacto muito forte sobre a bola. Aí eu fiquei curioso, pois um impacto desses seria suficiente para estilhaçar a bola, a menos que ela fosse feita de um material especial, que eu não consigo imaginar qual seja, nem mesmo um polímero me vem à cabeça. E como a garota agüenta este barulho tão perto dela? Basta imaginar um trovão ao seu lado. Fora que a onda de choque e o ar deslocado para tal efeito seriam grandes. Mas tudo bem, valeu pela criatividade da situação.


Este é um trailer de Avatar. Gostei muito desse filme, tem uma história bacana e cenas realmente muito bem feitas. Neste caso, não vou falar de um efeito especial, mas do fundo de cena geral do filme. É uma coisa a se discutir, posso estar tremendamente enganado, mas é uma coisa que me fez pensar.
O filme trata da transferência de consciência de um ser vivo para outro corpo. De forma bem sofisticada, pois não há nenhum tipo de transferência de massa encefálica, fluidos, ou coisa do tipo. Bem, eu não duvido da possibilidade de que isso aconteça um dia. Mas, cientificamente falando, isto demandaria uma tecnologia muito avançada. Então, o que me fez parar para pensar é que, embora o filme demonstre forte avanço tecnológico, este avanço não me parece compatível a uma época onde a transferência de consciência seja possível. Armas com munições de cartucho, naves pouco resistentes a impactos físicos... imagino eu que talvez a transferência de consciência se encaixasse melhor em uma realidade tecnológica semelhante à de Star Wars, por exemplo. Claro, isto é só uma reflexão que eu fiz, mas acho que transferir a consciência de um corpo para outro demandaria conhecimento científico e tecnológico além do que é demonstrado no filme.

Bem gente, é isso. Há uma série de outros filmes onde estas “incoerências” poderiam ser apontadas. Os filmes, porém, precisam de uma certa dose de “fantasia” para se tornarem atrativos. Seguir à risca todas as leis da natureza tornaria muitos destes filmes e seriados totalmente monótonos. Imagina só, uma cena de Star Wars, de batalha espacial... sem som? Foge ao real, mas é preciso para tornar a cena mais interessante.
As cenas que discuti aqui não são do tipo “absurdo total”. Preocupar-se com regras nessas situações seria realmente desnecessário. Mas fique atento, pois existem filmes que realmente extrapolam na “irrealidade” sem haver necessidade disso, e que fique claro que o realismo cinematográfico não é tão real assim.

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