quinta-feira, 25 de março de 2010

Teoria dos búfalos e considerações sobre probabilidade

Para quem não sabe, sou estudante do curso de Bacharelado em Física na UNIFEI, o que já é suficiente para provar que não bato muito bem da cabeça. E nesta universidade conheci várias pessoas, com algumas das quais me identifiquei mais. As idéias expressas a seguir surgiram em uma conversa com uma dessas pessoas, um grande pensador de Piranguinho - e agora meu parceiro - chamado Luan (meu veterano).
A Teoria dos búfalos diz o seguinte: imagine uma manada de búfalos fugindo de seu predador. Por uma questão natural, os búfalos mais fracos tendem a ficar para trás: sendo assim, serão as presas mais fáceis e tornar-se-ão comida para seu algoz. Consequentemente, analisando a manada com um todo, ela se torna mais forte já que sobraram apenas os melhores animais. E isso se repete em fugas seguintes, de modo a obter uma manada cada vez mais díficil de ser caçada.
Façamos então uma analogia simples: sabemos que o consumo de bebidas alcólicas pode matar nossos neurônios. Seguindo o princípio da manada, apenas os mais fracos e menos ativos serão destruidos. Logo, nosso conjunto de neurônios se tornará mais potente, pois apenas sobrarão os mais resistentes. Então, o consumo de álcool mata sim nossas células nervosas, mas fortalece nossa mente.
Outra consideração interessante sobre búfalos é o famoso "sai correndo". Por algum motivo, dois ou três animais disparam a correr. Os demais, temendo um perigo iminente, acompanham a fuga, mesmo sem saberem o que de fato acontece. Isso é muito visível nos seres humanos. Quem nunca ouviu na escola algo do tipo: "Vixe, essa matéria tá o cão de difícil. NÓS estamos ferrados"; ou "tá tendo corte na empresa, NÓS vamos ser mandados embora". "NÓS"? Por que nós? O que nos leva a pensar que, se não somos capazes, ninguém mais é? Pior: o que nos leva a pensar que, se os outros não são capazes, nós também não somos? Bem, já vimos que os búfalos podem nos ensinar muitas coisas, basta olhar para eles de maneira mais abrangente. Agora, vamos deixar de lado esta falácia fauno-terapêutica e voltar a falar sobre absurdos plausíveis.

Irei agora fazer uma pequena observação sobre probabilidade e análise combinatória.



Neste mesmo diálogo, foi proposta uma nova visão sobre a chance de um determinado evento acontecer. Quem já estudou probabildade e análise combinatória, mesmo no ensino médio, sabe que existe uma série de expresões matemáticas usadas para calcular se algo irá ou não acontecer. Pois bem, vamos exemplificar.
Um homem está de frente para 10 potes fechados. Em um deles, há um biscoito. Então, qual a probabilidade de ele encontrar o biscoito, tendo apenas uma chance? A matemática nos diria que é uma chance em dez. Mas, se analisarmos a situação de um ponto de vista mais panorâmico, chegaremos a uma conclusão: ou ele encontra o biscoito, ou não encontra. Então, aquela chance de um em dez cai por terra se, ao invés de analisarmos o sistema de um modo pontual, o fizermos de forma geral. No final, teremos uma chance de cinquenta por cento para sim e cinquenta para não. Então, quais são as suas chances de ganhar na loteria? Cinquenta por cento: ou ganha, ou não ganha. Quais são as chances de um meteoro cair na Terra amanhã? Já entendeu que não precisa fazer contas né.
Claro que a sequência de eventos na vida não pode ser prevista tão facilmente, mas esta ótica não é tão absurda assim. De fato, é o resultado que transparece no fim das contas, e uma vez que já aconteceu, as probabilidades que envolviam o evento já não servirão de mais nada, e só restará constatar se aconteceu ou não.
Assim, imagino que as chances de alguém se identificar com esse pensamento seja de cinquenta por cento, o que me traz certo otimismo (otimismo - essa talvez seja a palavra chave dessa teoria mirabolente - ou pessimismo, depende de qual lado sai perdendo) e me leva a crer que a vida se resume num emaranhado de previsões à base do meio-a-meio.

Chiclete Encefálico

Pensar. O que é pensar? Já pensou nisto? Chegou a alguma conclusão? Se acha que sim, reveja seus conceitos, pois foi preciso pensar para concluir. Aliás, de fato não concluiu, o que nos leva a crer que o raciocínio pode até ser autossuficiente, mas não autoexplicativo. Ou seja, a compreensão do universo que interage conosco não passa de válvula de escape para fugirmos de nosso "universo interior". De fato, as pessoas, de um modo geral, buscam mais por entendimentos externos do que o entendimento de sua própria existência. No fim das contas, há uma relação íntima entre ambas as compreensões. O mundo que nos cerca existe, certo? Bem, se considerarmos "existir" como tudo aquilo que captamos através dos sentidos, sim. Mas e aquilo que existe independentemente de nossa constatação? Como podemos ter certeza que aquela montanha ainda estará lá quando dermos as costas? No fundo, nossa vida é uma fábrica de suposições, e vivemos acomodados em uma realidade muito convincente, até que aprendemos o significado da palavra "pensar" - ou ao menos pensamos isto.
O ato de pensar - não o pensar real, mas aquilo que entendemos como tal - transforma nossa rotina "filosófica" em uma grande arcada dentária, que mastiga impiedosamente nosso cérebro como se fosse uma goma de mascar. De tal modo, a cada dia que passa, nosso cérebro perde o gosto, e parece não haver nada mais de bom ali dentro. Mascamos com mais força na ânsia de expremer os últimos vestígios de algo que não seja a simples massa cinzenta e deformada, marcada pela furiosa degustação de nossas mentes.
O "Chiclete Encefálico" não é um blog sobre isto ou aquilo. Mas um blog que tenta discutir sobre "o que nos faz pensar nisto ou naquilo". Não é filosofia, não é física, nem matemática... e ao mesmo tempo é tudo isso. Não é uma página para descarregar minhas mágoas ou decepções, já existem umas poucas pessoas (a quem agradeço) que se prestam a este serviço sujo. Mas aqui será um almoxarifado amontoado de pensamentos tão complicados quanto se consiga - e tão simples quanto se queira.