quinta-feira, 14 de junho de 2012

Campo Existencial

Como definimos uma existência? Algo que dizemos existir, assim é, por qual motivo? Alguns diriam que pela negação da não-existência. Mas isto implica na necessidade do conhecimento do conceito de existência, logo, caímos num ciclo vicioso. Outros diriam que pela simples constatação através de interação: Se você percebe algo, logo esse algo existe. Mas isso torna a questão relativa demais - por exemplo, cores não existiriam para cegos e sons não existiriam para surdos mas nós sabemos que eles existem (será?). Ainda assim, me parece mais plausível definir dessa forma. O que não percebemos, de fato, não existe para nós, mas pode passar a existir tão logo a interação aconteça. Particularmente, caracterizo a percepção das existências como consequência daquilo que chamo de Campo Existencial.

Sim, é uma analogia a campos físicos. Mas um campo existencial não deve ser visto como um campo físico, embora possa ser composto por um ou vários deles. Na verdade, o campo é toda a forma de se fazer perceber algo: pode ser visão, audição, tato, ou simplesmente o ato se cogitar a hipótese da existência (o objeto cogitado em si não tem sua existência constatada, mas a hipótese em si é um fator que compõe o campo). Como dito, não considere este campo existencial como algo preso ao universo físico. Embora emane do objeto, não considere a origem do campo como um ponto no espaço físico, mas como um ponto em uma "dimensão filosófica" que, para nossa definição, chamaremos de "espaço de percepção."

Essa dimensão filosófica é desprovida de obrigações físicas, mas não necessariamente é alheia ao ambiente físico. O que acontece no espaço filosófico pode influenciar e ser influenciado pelo espaço físico. Faça uma analogia a uma onda no mar: a água que ondula não é a onda física propriamente dita, mas esta perturba a água, ou seja, são coisas diferentes, independentes, mas interagem. Talvez os exemplos a seguir esclareçam essa ideia.

Vamos considerar um objeto simples: uma pedra.
Você caminha pela rua, e de repente, visualiza uma pedra no chão, logo à frente. Nesse instante, a pedra passa a existir para você. Isso porque o campo existencial dela lhe atingiu - neste caso uma componente visual. Mas poderia ter sido diferente: você poderia não ter visto, mas sim tropeçado nela. Ela passaria a existir do mesmo jeito, mas esta constatação se daria por uma componente diferente do campo existencial, uma componente tátil.
Agora considere uma outra situação: por algum motivo (que não nos cabe julgar, afinal a situação é hipotética) você nem sequer chegou perto dessa rua, mas alguém disse a você que tropeçou nesta pedra. E aí, esta pedra passará a existir para você? Bem, isso dependerá de alguns fatores... você acredita no que lhe disseram? Se acredita, a descrição da pedra lhe é suficiente? Isso nos leva a outra reflexão... obviamente, aquele "alguém" que lhe contou sobre a pedra pode ser considerado uma componente do campo... mas será então que todas as componentes oferecem o mesmo resultado?

A resposta para isso, talvez, é que o conceito de existência não é um ponto discreto no espaço existencial, mas uma curva contida nele, com algumas descontinuidades e incertezas; alguns trechos de maior, outros de menor intensidade. Se você vê uma foto de um castelo, pode ou não acreditar na existência dele. Se você vir este mesmo castelo em matérias de jornais, internet, menções em músicas e até mesmo um amigo que disse ter estado em frente a ele (todos estes são componentes do campo existencial) e existência do castelo pode lhe parecer mais possível. Resumindo: as componentes se somam e levam o objeto a um trecho de alta intensidade da curva existencial - o que torna mais provável que este objeto exista para você, mesmo você nunca o tendo visto, ou constatado sua existência por uma propriedade física que tenha interagido diretamente com você.

O que quero dizer com esse blábláblá todo é que, se você acredita que algo existe, ele de fato existe, para você. Mas em certos momentos, determinamos a existência, digamos, "real" (é correto usar este termo?) quando há um consenso geral sobre ela. talvez um trecho de alta intensidade na curva existencial que seja comum a um número tão suficiente de pessoas que possamos postular essa existência - mas isso é assunto para uma outra ocasião...

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Religião nas escolas - uma questão divinamente perturbadora


Dois mais dois são quatro. Correr é verbo. Tubarão é peixe. E Deus criou o Universo.
O ensino no Brasil, como já sabemos, segue um plano bastante peculiar: decore, decore, decore - mas finja que entendeu. Talvez seja culpa do ridículo sistema de Processos Seletivos, que a cada ano selecionam torrentes de cérebros que estão mais cheios de mnemônicos  do que de conhecimento. Mas ainda assim, há uma esperança, afinal de contas, muitos professores se preocupam em colocar na cabeça dos alunos algo que induza ao raciocínio e ao pensamento crítico, ao invés do "coça A coça B". Mas e quando os alunos são obrigados a se confrontar com tópicos puramente ideológicos, dogmáticos, cuja finalidade acadêmica inexiste?

Nas escolas brasileiras - ao menos grande parte delas - uma das disciplinas lecionadas é a de "Religião" ou "Ensino Religioso", cujo objetivo, segundo quem desenvolve o programa, é o de conscientizar as crianças e os jovens a seguir o caminho correto e se tornarem cidadãos de bem. Ora, se religião fosse sinônimo de boa cidadania, não veríamos tantos traficantes com "Só Jesus salva" tatuado nas costas. A religião pode sim levar a pessoa a optar por uma boa conduta - mas desde que o faça por convicção, e não por uma mera convenção tradicionalista.

Não é que eu seja contra a religião, pelo contrário, até tenho minha crença particular. Mas não faz sentido induzir a leitura da bíblia nas escolas, por exemplo, se nenhuma igreja incentiva a leitura de "A Origem das Espécies", ou falar sobre Abraão em uma sala de aula, se nunca verão Galileu ser citado em um culto religioso. A escola é um lugar de aprendizado laico, onde os alunos devem ser levados a entender leis naturais, contextos históricos, regras da escrita, princípios de funcionamento dos organismos biológicos... em suma, tudo aquilo que pode ser provado, e quando não o é, pode ser discutido ou discordado. Ensinar religião nas escolas é ensinar algo que não se pode provar, e ironicamente, é tido como "incontestável".

Vamos analisar: lembro-me de como costumavam ser as questões de uma prova de religião. Algo do tipo: "Quem criou o universo?" Ou "Quem é o salvador da humanidade?
Eu não poderia responder que o criador era Brama, ou Odin, ou dizer que o salvador era Buda ou mesmo Confucio. Era "Deus" e "Jesus Cristo" ou a nota era zero. Percebem o absurdo? Todas essas respostas podem ser consideradas corretas, através de algum ponto de vista, pois são baseadas em crenças espirituais, argumentos de fé, e não definições universais. É como uma professora de português dizer que o coletivo de bananas é "penca", e considerar absurdo se alguém responde "cacho".

Uma coisa, devemos admitir: grande parte das decisões da humanidade foram e ainda são baseadas em fundamentos religiosos. Nesse aspecto, talvez seja sim plausível e até útil ensinar sobre religiões nas escolas, mas de forma hermenêutica, mostrando aos alunos como elas funcionam, e não induzindo-os a seguí-las. É como se fosse uma aula de História, voltada ao estudo de eventos e mitos ligados às crenças religiosas, sem julgar esta ou aquela como correta - e sim discorrendo sobre seus aspectos diversos.

A maioria das pessoas escolhem seus credos por indução familiar. Outras, na juventude, pelo motivo oposto,  escolhem doutrinas contrárias à predominante em seu meio, muitas vezes por pura necessidade de se opor ao convencional. Mas poucas entre essas de fato acreditam naquilo que dizem acreditar. São pessoas que dizem "não tomo café pois minha religião não permite", mesmo quando acham absurdo serem privados de algo sem explicação. É justamente isso que acontece quando se ensina religião nas escolas. As crianças são obrigadas a acreditar em algo simplesmente por que "tem que ser assim", e não por que essa crença seja solidamente comprovada através de procedimentos imparciais. Não existe expansão de idéias, não existe ecumenismo: o professor sempre vai puxar a sardinha para o próprio lado, e forçará os alunos a fecharem os olhos para o que possa ser considerado conflitante.

Sustento minha opinião de que o ensino da religião em escolas só atrasa o processo de desenvolvimento intelectual da criança. As religiões lhe devem ser apresentadas de forma espontânea e sem pressão, seja por familiares, amigos ou até mesmo a mídia. Cabe ao indivíduo decidir qual dos grupos se enquadra em sua filosofia, e não ser obrigado a suprimir sua filosofia para ser inserido em um destes grupos. E se nenhum grupo lhe couber, ou mesmo se julgar irrelevante para si levar adiante qualquer pensamento espiritualista, que assim o faça, tendo o direito de não ser julgado por quem se diz dono da verdade.


sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O melhor Reality Show do Brasil

Pessoal, estou desenvolvendo o roteiro de um novo Reality Show. Aceito sugestões, mas já bolei algumas coisas. Assim que terminar, enviarei o script às grandes emissoras de TV e ver qual delas apoia a ideia:

- Os participantes enviarão seus vídeos, a serem exibidos na fase inicial do Reality, apelidada de "Propaganda Eleitoral".

- Eles ficarão em uma casa sem forro, de um único cômodo, sem eletricidade;

- As provas semanais serão as seguintes:

1ª Semana : Todos deverão sobreviver durante uma semana usando um salário mínimo para sustentar 5 pessoas cada um. Aquele que estiver devendo menos ao fim do mês, será o vencedor da prova.

2ª Semana :  Os participantes serão injetados com um concentrado de doenças virais e deverão aguardar por tratamento na fila de um hospital público. Vencerá aquele que conseguir se manter sorridente até ser atendido. Caso algum participante venha a falecer na espera pelo atendimento, será desclassificado da competição.

3ª Semana :  Os participantes deverão dar aulas durante toda a semana em uma escola pública, recebendo para isso o equivalente semanal ao salário de um professor comum. Aqueles que apresentarem sinais de estresse serão eliminados da prova. Vence aquele que se mantiver mais tranquilo ao ser ofendido ou agredido pelos alunos.

4ª Semana : Cada participante terá o direito a uma bolsa com 50 reais, com os quais deverá sobreviver a semana inteira. Mas para isso, deverão passar com este dinheiro por uma rua deserta, sem policiamento, às 23:00hs. Aqueles que forem assaltados serão eliminados da prova. Vence quem terminar a semana com mais dinheiro.

5ª Semana : Vencerá a prova desta semana o participante que doar mais dinheiro para que um cidadão comum possa comprar roupas, contratar assessores e viajar com tudo pago para o Caribe.

6ª Semana : Durante esta semana, os participantes trabalharão como bombeiros. O vencedor será aquele que salvar mais vidas fora do turno de trabalho, sem receber hora extra.

7ª Semana : Desta vez, trabalharão como policiais militares. Serão desclassificados da competição aqueles que receberem propina (embora esta seja uma área na qual os participantes estão familiarizados, a fiscalização será rigorosa). Vence a prova aquele que voltar menos ferido de uma troca de tiros com bandidos.

8ª Semana: Os participantes passarão a semana estudando temas diversos em uma escola pública, devendo ao final desta prestar um exame para avaliação de conhecimentos. Os que não forem aprovados no teste, serão eliminados da competição. Para apimentar a prova, eles concorrerão com alunos de escolas particulares e frequentadores de cursinhos preparatórios.

Após esses dois meses intensos, aqueles que restarem na competição participarão da Grande Final: A Eleição. Os telespectadores votarão em seus favoritos, e os que forem escolhidos, ocuparão os futuros cargos políticos de nosso país.

Obviamente o texto é apenas uma sátira. O que é uma pena.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

A Curiosidade matou o gato

Antes de começar, é preciso definir de que tipo de curiosidade estamos falando. Não é sobre aquela vontade de adquirir conhecimento, de entender o universo ao nosso redor. Falo sobre aquela curiosidade inútil, de querer sempre absorver informações irrelevantes.
            De cara, confesso uma coisa: acho jogos de perguntas íntimas muito chatos. É, já joguei, e até jogo às vezes. Por pura falta do que fazer, e por simples “convenção social”. Jogo da garrafa, jogo de não sei o quê... não é pelo fato de se “revelar” algumas coisas sobre sua vida, mas sim por fazer isso com a única intenção de divertir meia dúzia de pessoas para as quais você não deve satisfação. Muito mais interessante seria contar suas experiências em uma conversa de roda, de forma natural, sem aquela coisa de “agora é sua vez”. Bem, acho que já preparei meu terreno, vamos ao que interessa.
            Nossa mente possui um espaço grandioso para armazenar informações. Contudo, ele descarta aquelas que julga, por diversos fatores, desnecessárias. Motivo pelo qual não conseguimos nos lembrar de todas as 24 horas do dia anterior, mas apenas alguns fragmentos importantes e resumidos que, se somados, não passam de alguns minutos. É o que faz você esquecer praticamente toda aquela caminhada até o mercado, principalmente se ela acontece sempre. Você apenas se lembra de eventos marcantes, mas o resto se junta à memória genérica da “caminhada ao mercado”.
            Pois bem. Considere então que, em um determinado momento, você tem 2 opções: ler um jornal ou ver uma revista de fofocas. Aquilo que você escolhe é entendido pelo cérebro como prioridade. Se você valoriza mais as informações sobre a vida alheia do que algo que lhe deixe interado com o ambiente ao seu redor, seu cérebro passará a construir seus critérios de eliminação. Você não guardará bulhufas do que for dito no jornal sobre a crise econômica, que afeta diretamente os preços de tudo que você compra... mas vai lembrar direitinho de todas as peripécias amorosas daquele ator da novela que você tanto admira. O que não terá relevância nenhuma para sua vida - a menos que você faça parte dessas peripécias, obviamente.
            Claro, não precisamos ser rígidos. Não há nada de errado em saber o que seus amigos andam aprontando, ou como andam as gravações do novo álbum de seu cantor favorito. Mas quando isso se torna seu foco, sua mente desvia-se de informações práticas e passa a se empenhar no arquivamento de fatos nada práticos. Você se torna a pessoa mais bem informada sobre a vida alheia da sua roda de amigos, mas terá dificuldades de calcular o troco da padaria. Claro, posso estar exagerando um pouco, mas acho que vocês me entenderam.
            São questões totalmente anofráticas. A determinação de importância de informações através de métodos pseudo-baritílicos é errônea. Entretanto, não podemos nos deixar controlar pela paranóia infógrada de que tudo o que precisamos saber é o que precisamos usar. Sem falso moralismo, é impressática.
            Em resumo, é como aquele caso do escândalo sexual envolvendo um engenheiro norueguês que traiu sua esposa com suas 3 irmãs, e foi pego em flagrante quando tentava lavar sua camiseta suja de batom. Muitas vezes é preciso deixar de lado toda a sua ânsia de querer saber tudo sobre a vida das pessoas, ao invés disso, preocupe-se mais com aquilo que lhe traga algum aprendizado. Foque-se em entender mais as coisas que lhe parecem pouco claras, amplie seu conhecimento, ao invés de querer sempre saber daquilo que de nada lhe valerá. Um conselho: se você pesquisou no Google sobre a história do norueguês, que eu inventei, mas não se deu ao trabalho de pesquisar as quatro “palavras desconhecidas” que eu usei no parágrafo anterior para constatar que elas nem ao menos existem (sim, as inventei também, e não significam absolutamente nada. O parágrafo inteiro não faz sentido algum) bem... você está utilizando sua curiosidade da maneira errada.
Deixo com vocês uma história que gosto muito, reflitam sobre ela.

As Três Peneiras de Sócrates


Um homem foi ao encontro de Sócrates levando ao filósofo uma informação que julgava de seu interesse:

- Quero contar-te uma coisa a respeito de um amigo teu!

- Espera um momento – disse Sócrates – Antes de contar-me, quero saber se fizeste passar essa informação pelas três peneiras.

- Três peneiras? Que queres dizer?

- Vamos peneirar aquilo que quer me dizer. Devemos sempre usar as três peneiras. Se não as conheces, presta bem atenção. A primeira é a peneira da VERDADE. Tens certeza de que isso que queres dizer-me é verdade?

- Bem, foi o que ouvi outros contarem. Não sei exatamente se é verdade.

- A segunda peneira é a da BONDADE. Com certeza, deves ter passado a informação pela peneira da bondade. Ou não?

Envergonhado, o homem respondeu:

- Devo confessar que não.

- A terceira peneira é a da UTILIDADE. Pensaste bem se é útil o que vieste falar a respeito do meu amigo?

- Útil? Na verdade, não.

- Então, disse-lhe o sábio, se o que queres contar-me não é verdadeiro, nem bom, nem útil, então é melhor que o guardes apenas para ti.

“Pessoas inteligentes falam sobre idéias,
Pessoas comuns falam sobre coisas.
Pessoas medíocres falam sobre pessoas.”
Autor desconhecido

Um abraço, e lembrem-se de usar sempre as 3 peneiras.
           
            

sábado, 2 de abril de 2011

Entre sonhos e desejos

Qualquer dia desses – qualquer um, de sua vida – pare ao entardecer, largue o que estiver fazendo. Procure o lugar mais plano, ou mais alto: procure a vista mais limpa que puder. Veja o Sol se pôr. Desde o momento em que ele “toca ao chão” até o momento em que ele se “esconder atrás dele”, pense. Pense no que lhe direi agora.
Quando nascemos, nossa existência modifica a vida das pessoas à nossa volta. Nossa mente ainda carente de informação não associa e nem relaciona a nossa presença e o impacto dela sobre a realidade ao redor. Mas crescemos um pouco, aprendemos a andar e a falar, aprendemos a compreender que existimos. Quando alguém diz: “desde que eu me entendo por gente” refere-se a este momento. E é então que passamos a QUERER. Não fazemos mais apenas pela necessidade, mas também pelo desejo. Desejamos ser astronautas, super-heróis. Como é fértil a imaginação e grandiosa a capacidade de uma criança sonhar? Pois é... o adubo nos falta quando crescemos. O astronauta de nossos sonhos se torna cada vez mais fraco enquanto nossos pés ficam cada vez mais colados ao chão. Ser super-herói se torna uma missão complicada demais para quem ainda tenta descobrir como salvar a si mesmo.
A palavra SONHAR, quando significando o ato de desejar algo, é vaga. Digo vaga, pois as pessoas tornam o ato de sonhar como algo de grandeza numérica singular. “O meu sonho é comprar um carro”. E após comprar o carro, você vai fazer o quê? Seu sonho acabou? Não amigo... você nem ao menos entendeu o que é sonhar.
Querer um carro, uma casa, ou o que seja... isso é desejar. O desejo se caracteriza pela vontade (cuja intensidade varia) de se obter êxito em algo. Desejar apenas alimenta o próprio desejo, é uma bola de neve que cresce sem sair do lugar. A diferença então, entre o querer e o sonhar, bem... sejamos mais holísticos.
Você já pensou em como vai realizar seus desejos? Você já se imaginou correndo atrás daquilo que quer? Então você sonhou. Sonhar não é simplesmente querer chegar a seu objetivo; sonhar é imaginar todo o processo, todo o caminho que te leva até lá. Se você sonha em ter uma vida feliz, você imagina toda a trajetória: você se vê crescendo, tendo filhos... ou simplesmente, saindo por aí “pra ser Jesus numa moto”.
Então, se você sonha com algo, não fique aí parado. Isso é desejar. Para sonhar tem que correr atrás, pois apenas o objetivo alcançado não vai te satisfazer; você precisa olhar para trás, ver todo o longo caminho que percorreu, sentir orgulho de si mesmo e dizer “EU CONSEGUI”.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Supernova


Um bom tempo se passou, poucas palavras foram ditas por aqui... mas muitas coisas passaram pela cabeça deste que vos escreve, desde então. A vida nos ensina coisas novas a cada instante. Mas ele é uma professora não muito paciente, raramente ela nos explica algo novamente. Por isso, preste sempre atenção na aula, ela pode não se repetir, e você pode acabar perdendo uma grande oportunidade de aprender uma lição única.
Nesses tempos que estive “ausente” do blog, posso dizer que fui um “nerd da vida”. Sentei na cadeira da minha própria consciência e absorvi tudo atentamente. Poucas vezes aprendi tanto sobre mim. Aprendi que a renovação não acontece com casa nova, carro novo, emprego novo ou roupas novas. Ela acontece com atitudes antigas, mas vistas sobre óticas diferentes. Não é mudar sua forma de pensar, mas sim interpretar suas próprias idéias através de outro ponto de vista.
            Você já sentiu alguma vez que seu brilho era forte demais? Já sentiu que o que havia dentro de você se equilibrava perfeitamente com o que havia do lado de fora? Que a pressão do mundo externo não seria nunca capaz de vencer sua força interior? Bem, claro que sim, se você é uma pessoa que se julga feliz. Mas a felicidade é mesmo um estado de espírito? SER feliz e ESTAR feliz são a mesma coisa?
Se seu brilho é forte demais, se sua força interna é, segundo você, capaz de vencer tudo, saiba que pode estar errado. Essa força precisa de energia para existir, e essa energia pode acabar um dia. Não, ela não é infinita. Seria em um mundo perfeito, que, felizmente (para a graça de viver superando-se) não existe. E quando essa energia começa a se extinguir, quando sua força interior não for mais tão forte assim, o mundo começará a te pressionar. A realidade lá fora tentará colapsar sua mente.
Aí começa a fase mais crítica de seu entendimento existencial. Enquanto seu interior se revira e solidifica-se em um caloroso turbilhão de reações, as coisas à sua volta parecem se afastar de você. Você vê partes de você mesmo indo embora, enquanto luta para evitar que seu fogo interior acabe te traindo e queimando por dentro o seu coração. Sua luta para vencer a pressão que te sufoca torna-se cada vez mais fascinante, embora tenebrosa.
Você já teve a sensação de que seu brilho pouco importa? De que a única coisa que quer é continuar existindo, brilhante ou não. Você não quer mais ser belo aos olhos dos outros, apenas SER. Ironicamente, o que parecia ser seu propósito de vida passa a ser irrelevante, embora ainda faça parte de você. Nesse momento você entende a finalidade da existência, mas não se conforma com ela: você entende que não tem uma missão na vida, mas sim que existem incontáveis missões para que possamos escolher. E é a indecisão da escolha que te confunde.
De repente, sua luta chega a um estado crítico: suportar não é mais uma opção. Você sente que deve empurrar o mundo para fora, ou ele é quem vai te apertar cada vez mais. Você explode. Tenta alcançar tudo o que “perdeu”, tudo o que se afastou de você. Faz isso com tanto desespero que as coisas se misturam e tudo se torna mais confuso ainda. Quando se dá conta, você não passa de poeira.
A vida é assim mesmo. Todos nós passamos por momentos assim. Uns sofrem pressões maiores que outros, mas em essência, é a mesma coisa. Mas a diferença não está em como explodimos, mas sim no que nos tornamos após a explosão. E para nos tornarmos novamente alguma coisa, é preciso entender que esse momento não é uma questão de SER poeira. É uma questão de ESTAR poeira.
Tente aproveitar  tempo em que sua existência é formada por grãos espalhados por todos os lados. Você deixa de ser um grande receptáculo de sentimentos, mas passa a sentir o mundo com cada pedacinho de si mesmo. Você não brilha, mas entende o brilho que vem de fora. E uma hora a poeira há de se juntar. Sem pressão, sem forças te empurrando e puxando ferozmente de todos os lados. Você vai voltar a brilhar. E tudo o que se passou ficará guardado na sua mente. Quando sua vida entra em colapso e você explode, uma nova estrela pode se formar dentro de seu coração. Basta deixar que a poeira se junte, e não ter medo de que seu brilho seja diferente desta vez.

Texto dedicado a todas as pessoas que fazem parte da minha vida, mesmo aquelas que se fazem próximas quando distantes, ou distantes quando estão próximas. E uma dedicação especial à minha amiga Dalila, que me ajudou a entender que não corremos atrás da felicidade absoluta. Não é uma questão de SER feliz. É uma questão de ESTAR feliz.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Da crueldade à coragem



Nesta semana, a cidade de Pouso Alegre no sul de Minas Gerais (coincidentemente, a cidade onde moro) foi abalada por uma notícia totalmente desagradável.
A notícia pode ser acessada por esses links:



Gente... o que é isso?

Isso não é novo não... estou dando exemplo deste caso por ser pertinho de mim, por ser na minha terra... mas acontecem muitos outros desse todos os dias. E me pergunto: O que faz um homem agir desse jeito?

Primeiramente, isso não é um homem. É um conjunto de ossos, carne e sangue que me deixa em dúvida se possui alma. Um coração que só serve para suprir as necessidades circulatórias do corpo, mas incapaz de sentir compaixão. Aliás, como dizem que na verdade sentimos com a cabeça e não com o coração, isso leva a crer que também não possui cérebro. Seria uma ofensa a todos os seres vivos possuidores de encéfalo, chamar aquela porção de massa cinzenta de cérebro.
Eu não consigo entender o que leva um pai a fazer isso com o próprio filho, além do fato de ser um bundão covarde e que só é homem no RG, de resto é um nada. Mas eu imagino que, o dia em que me tornar pai, será o dia mais feliz da minha vida... e minha vida toda será mais feliz depois disso. Eu sei, virão muitas fraldas a trocar, noites mal dormidas, choros e birras... mas creio que tudo isso seja na verdade parte da maravilhosa experiência que é ser pai. Fico me imaginando, segurando uma criança e esperando ansiosamente o dia em que ela dirá: “papá”... e é por imaginar isso com tanta amplitude que não sobra espaço na minha cabeça para imaginar que tipos de pensamentos ou sentimentos levam um ser humano a agredir uma criança.
Se olharmos para nosso passado, nas épocas em que nossos pais ou avós eram crianças, lembraremos que, nesse período, era comum os pais baterem nos filhos. Eu não concordo de forma alguma com esse tipo de atitude, mas compreendo que era uma forma de repreender os filhos por falhas cometidas. Mas não se via nessas práticas o intuito de traumatizar ou humilhar as crianças. Era um método que acredito ser totalmente ultrapassado, mas que por questões culturais, era tido como o correto. Mas e hoje?
Hoje já sabemos que agressões físicas só servem para causar revolta e traumas. Claro, não sou totalmente contra à “palmadinha”, da qual alguns pais lançam mão ainda hoje, embora prefira não adotá-la. Mas qualquer forma de repreensão física, se ainda existir, deve ter como único objetivo alertar a criança no momento da “infração”. Bater para punir não leva a nada, apenas faz com que a criança associe o ato de SER PEGO fazendo algo errado como um deslize, e não o FAZER algo errado em si. A criança apenas tomará mais cuidado da próxima vez, para não ser vista fazendo o que faz. Mas se você quer fazê-la entender que “o erro está no erro”, nada como uma boa conversa, nada como fazer seu filho sentir que, apesar de sua posição como pai ou mãe também acarrete na ato de advertir, ele não precisa temer a agressão das pessoas que ele mais ama e confia.
Agora, nem mesmo os pais mais conservadores concordariam com essa atitude que agora parece tomar repercussão nacional. Bebês ainda nem desenvolveram a consciência e o conceito de “certo ou errado”. Aliás, esse caso não foi punição, pois não houve erro cometido por parte da pobre criança. Esse caso foi a incapacidade de um pseudo-homem de entender a beleza e a magnitude de se cuidar de uma criança. Apenas alguém que esqueceu sua hombridade em alguma esquina e fez o que fez. O que ele merece? Bem, se eu fosse escrever aqui o que acho que ele merece, menores de 18 anos deveriam parar de ler o texto por aqui. Mas resumindo, ele deve ser isolado, privado do convívio social, e de alguma forma, deve retornar à sociedade algo de bom, para no mínimo, TENTAR compensar o que fez. Mas isso não o redime, apenas o deixa quitado em questões de ordem prática. No âmbito social e sentimental, sua exclusão Será perpétua.
Eu gostaria de finalizar esse post dando meus parabéns à mãe da criança. Me arrepia só de imaginar a sensação dela ao ver o vídeo. Eu que vi apenas trechos “amenizados” da cena, já senti coisas inexplicáveis, imagine ela. Mas ela soube se controlar, e tomar a decisão correta ao procurar a polícia. Através de um plano simples mas engenhoso, ela consegui poupar seu filho de sofrimentos maiores. E que sirva de lição para todas as mães desse Brasil, pois apesar da grande divulgação na mídia, esse caso não é único. Existem muitos iguais e até piores, e muitas mãe sabem mas tem medo de procurar ajuda. Não tenham medo. Aliás, preocupem-se mais com seus filhos do que com seus casamentos, pois seus maridos podem não serem sempre seus maridos, mas seus filhos serão sempre seus filhos.

“Nessa selva
A gente se acostuma a muito pouco
A gente fica achando que é o normal
Finge que não vê,diz que não foi nada e leva mais porrada”

(No meio de Tudo Você – Engenheiros do Havaí)

Pensem nisto.
            Até mais.