quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Da crueldade à coragem



Nesta semana, a cidade de Pouso Alegre no sul de Minas Gerais (coincidentemente, a cidade onde moro) foi abalada por uma notícia totalmente desagradável.
A notícia pode ser acessada por esses links:



Gente... o que é isso?

Isso não é novo não... estou dando exemplo deste caso por ser pertinho de mim, por ser na minha terra... mas acontecem muitos outros desse todos os dias. E me pergunto: O que faz um homem agir desse jeito?

Primeiramente, isso não é um homem. É um conjunto de ossos, carne e sangue que me deixa em dúvida se possui alma. Um coração que só serve para suprir as necessidades circulatórias do corpo, mas incapaz de sentir compaixão. Aliás, como dizem que na verdade sentimos com a cabeça e não com o coração, isso leva a crer que também não possui cérebro. Seria uma ofensa a todos os seres vivos possuidores de encéfalo, chamar aquela porção de massa cinzenta de cérebro.
Eu não consigo entender o que leva um pai a fazer isso com o próprio filho, além do fato de ser um bundão covarde e que só é homem no RG, de resto é um nada. Mas eu imagino que, o dia em que me tornar pai, será o dia mais feliz da minha vida... e minha vida toda será mais feliz depois disso. Eu sei, virão muitas fraldas a trocar, noites mal dormidas, choros e birras... mas creio que tudo isso seja na verdade parte da maravilhosa experiência que é ser pai. Fico me imaginando, segurando uma criança e esperando ansiosamente o dia em que ela dirá: “papá”... e é por imaginar isso com tanta amplitude que não sobra espaço na minha cabeça para imaginar que tipos de pensamentos ou sentimentos levam um ser humano a agredir uma criança.
Se olharmos para nosso passado, nas épocas em que nossos pais ou avós eram crianças, lembraremos que, nesse período, era comum os pais baterem nos filhos. Eu não concordo de forma alguma com esse tipo de atitude, mas compreendo que era uma forma de repreender os filhos por falhas cometidas. Mas não se via nessas práticas o intuito de traumatizar ou humilhar as crianças. Era um método que acredito ser totalmente ultrapassado, mas que por questões culturais, era tido como o correto. Mas e hoje?
Hoje já sabemos que agressões físicas só servem para causar revolta e traumas. Claro, não sou totalmente contra à “palmadinha”, da qual alguns pais lançam mão ainda hoje, embora prefira não adotá-la. Mas qualquer forma de repreensão física, se ainda existir, deve ter como único objetivo alertar a criança no momento da “infração”. Bater para punir não leva a nada, apenas faz com que a criança associe o ato de SER PEGO fazendo algo errado como um deslize, e não o FAZER algo errado em si. A criança apenas tomará mais cuidado da próxima vez, para não ser vista fazendo o que faz. Mas se você quer fazê-la entender que “o erro está no erro”, nada como uma boa conversa, nada como fazer seu filho sentir que, apesar de sua posição como pai ou mãe também acarrete na ato de advertir, ele não precisa temer a agressão das pessoas que ele mais ama e confia.
Agora, nem mesmo os pais mais conservadores concordariam com essa atitude que agora parece tomar repercussão nacional. Bebês ainda nem desenvolveram a consciência e o conceito de “certo ou errado”. Aliás, esse caso não foi punição, pois não houve erro cometido por parte da pobre criança. Esse caso foi a incapacidade de um pseudo-homem de entender a beleza e a magnitude de se cuidar de uma criança. Apenas alguém que esqueceu sua hombridade em alguma esquina e fez o que fez. O que ele merece? Bem, se eu fosse escrever aqui o que acho que ele merece, menores de 18 anos deveriam parar de ler o texto por aqui. Mas resumindo, ele deve ser isolado, privado do convívio social, e de alguma forma, deve retornar à sociedade algo de bom, para no mínimo, TENTAR compensar o que fez. Mas isso não o redime, apenas o deixa quitado em questões de ordem prática. No âmbito social e sentimental, sua exclusão Será perpétua.
Eu gostaria de finalizar esse post dando meus parabéns à mãe da criança. Me arrepia só de imaginar a sensação dela ao ver o vídeo. Eu que vi apenas trechos “amenizados” da cena, já senti coisas inexplicáveis, imagine ela. Mas ela soube se controlar, e tomar a decisão correta ao procurar a polícia. Através de um plano simples mas engenhoso, ela consegui poupar seu filho de sofrimentos maiores. E que sirva de lição para todas as mães desse Brasil, pois apesar da grande divulgação na mídia, esse caso não é único. Existem muitos iguais e até piores, e muitas mãe sabem mas tem medo de procurar ajuda. Não tenham medo. Aliás, preocupem-se mais com seus filhos do que com seus casamentos, pois seus maridos podem não serem sempre seus maridos, mas seus filhos serão sempre seus filhos.

“Nessa selva
A gente se acostuma a muito pouco
A gente fica achando que é o normal
Finge que não vê,diz que não foi nada e leva mais porrada”

(No meio de Tudo Você – Engenheiros do Havaí)

Pensem nisto.
            Até mais.

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