quarta-feira, 29 de junho de 2011

A Curiosidade matou o gato

Antes de começar, é preciso definir de que tipo de curiosidade estamos falando. Não é sobre aquela vontade de adquirir conhecimento, de entender o universo ao nosso redor. Falo sobre aquela curiosidade inútil, de querer sempre absorver informações irrelevantes.
            De cara, confesso uma coisa: acho jogos de perguntas íntimas muito chatos. É, já joguei, e até jogo às vezes. Por pura falta do que fazer, e por simples “convenção social”. Jogo da garrafa, jogo de não sei o quê... não é pelo fato de se “revelar” algumas coisas sobre sua vida, mas sim por fazer isso com a única intenção de divertir meia dúzia de pessoas para as quais você não deve satisfação. Muito mais interessante seria contar suas experiências em uma conversa de roda, de forma natural, sem aquela coisa de “agora é sua vez”. Bem, acho que já preparei meu terreno, vamos ao que interessa.
            Nossa mente possui um espaço grandioso para armazenar informações. Contudo, ele descarta aquelas que julga, por diversos fatores, desnecessárias. Motivo pelo qual não conseguimos nos lembrar de todas as 24 horas do dia anterior, mas apenas alguns fragmentos importantes e resumidos que, se somados, não passam de alguns minutos. É o que faz você esquecer praticamente toda aquela caminhada até o mercado, principalmente se ela acontece sempre. Você apenas se lembra de eventos marcantes, mas o resto se junta à memória genérica da “caminhada ao mercado”.
            Pois bem. Considere então que, em um determinado momento, você tem 2 opções: ler um jornal ou ver uma revista de fofocas. Aquilo que você escolhe é entendido pelo cérebro como prioridade. Se você valoriza mais as informações sobre a vida alheia do que algo que lhe deixe interado com o ambiente ao seu redor, seu cérebro passará a construir seus critérios de eliminação. Você não guardará bulhufas do que for dito no jornal sobre a crise econômica, que afeta diretamente os preços de tudo que você compra... mas vai lembrar direitinho de todas as peripécias amorosas daquele ator da novela que você tanto admira. O que não terá relevância nenhuma para sua vida - a menos que você faça parte dessas peripécias, obviamente.
            Claro, não precisamos ser rígidos. Não há nada de errado em saber o que seus amigos andam aprontando, ou como andam as gravações do novo álbum de seu cantor favorito. Mas quando isso se torna seu foco, sua mente desvia-se de informações práticas e passa a se empenhar no arquivamento de fatos nada práticos. Você se torna a pessoa mais bem informada sobre a vida alheia da sua roda de amigos, mas terá dificuldades de calcular o troco da padaria. Claro, posso estar exagerando um pouco, mas acho que vocês me entenderam.
            São questões totalmente anofráticas. A determinação de importância de informações através de métodos pseudo-baritílicos é errônea. Entretanto, não podemos nos deixar controlar pela paranóia infógrada de que tudo o que precisamos saber é o que precisamos usar. Sem falso moralismo, é impressática.
            Em resumo, é como aquele caso do escândalo sexual envolvendo um engenheiro norueguês que traiu sua esposa com suas 3 irmãs, e foi pego em flagrante quando tentava lavar sua camiseta suja de batom. Muitas vezes é preciso deixar de lado toda a sua ânsia de querer saber tudo sobre a vida das pessoas, ao invés disso, preocupe-se mais com aquilo que lhe traga algum aprendizado. Foque-se em entender mais as coisas que lhe parecem pouco claras, amplie seu conhecimento, ao invés de querer sempre saber daquilo que de nada lhe valerá. Um conselho: se você pesquisou no Google sobre a história do norueguês, que eu inventei, mas não se deu ao trabalho de pesquisar as quatro “palavras desconhecidas” que eu usei no parágrafo anterior para constatar que elas nem ao menos existem (sim, as inventei também, e não significam absolutamente nada. O parágrafo inteiro não faz sentido algum) bem... você está utilizando sua curiosidade da maneira errada.
Deixo com vocês uma história que gosto muito, reflitam sobre ela.

As Três Peneiras de Sócrates


Um homem foi ao encontro de Sócrates levando ao filósofo uma informação que julgava de seu interesse:

- Quero contar-te uma coisa a respeito de um amigo teu!

- Espera um momento – disse Sócrates – Antes de contar-me, quero saber se fizeste passar essa informação pelas três peneiras.

- Três peneiras? Que queres dizer?

- Vamos peneirar aquilo que quer me dizer. Devemos sempre usar as três peneiras. Se não as conheces, presta bem atenção. A primeira é a peneira da VERDADE. Tens certeza de que isso que queres dizer-me é verdade?

- Bem, foi o que ouvi outros contarem. Não sei exatamente se é verdade.

- A segunda peneira é a da BONDADE. Com certeza, deves ter passado a informação pela peneira da bondade. Ou não?

Envergonhado, o homem respondeu:

- Devo confessar que não.

- A terceira peneira é a da UTILIDADE. Pensaste bem se é útil o que vieste falar a respeito do meu amigo?

- Útil? Na verdade, não.

- Então, disse-lhe o sábio, se o que queres contar-me não é verdadeiro, nem bom, nem útil, então é melhor que o guardes apenas para ti.

“Pessoas inteligentes falam sobre idéias,
Pessoas comuns falam sobre coisas.
Pessoas medíocres falam sobre pessoas.”
Autor desconhecido

Um abraço, e lembrem-se de usar sempre as 3 peneiras.
           
            

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